quinta-feira, 7 de julho de 2011

Enzo Cormann


A vida de Enzo Cormann
Autor de mais de trinta peças de Teatro, Enzo Cormann é traduzido em inúmeros países espalhados pelo mundo. Mas mais do que um dramaturgo, Cormann é um homem de teatro: dramaturgo, encenador, actor, investigador e crítico de teatro, professor de dramaturgia (de 1995 a 2000 foi professor na École Supérieure d’ Art Dramatique de Strasbourg; de 1999 a 2001 professor associado da École Normale Supérieure LSH-Lyon; desde 2000, Cormann dirige o departamento de Escrita Dramática na École Nationale Supérieure des Arts et Techniques du Théâtre - ENSATT -). Ele próprio define-se como “artista de Teatro”. Enzo Cormann é, contudo, mais do que um artista de teatro, um artista plural: diseur de poesia, vocalista, dedicando-se com verdadeira paixão ao Jazz, com o saxofonista Jean-Marc Padovani, com quem já lançou discos e com quem criou La Grande Ritournelle – um projecto de jazz poético. Também escreveu canções para Jean Guidoni e Anna Prucnal e apresentou-se em concerto com diversas formações de Jazz. Mas a sua sede de experimentação não se esgotou aqui: em 2006, o autor aventurou-se como romancista, tendo publicado o seu primeiro romance (Testament de Vénus, Éditions Gallimard). Podemos, em suma, definir o autor como um homem comprometido com a reflexão acerca da sua escrita e do seu trabalho de encenador, com a transmissão de conhecimentos e experiências enquanto professor de Dramaturgia, com o seu entusiasmo pela Música, mas, essencialmente, como um homem comprometido com a vida partilhada, algo que os seus textos tentam sempre fazer sobressair.

A escrita de Enzo Cormann
Enzo Cormann, no texto publicado na Revue du Théâtre National de la Colline, intitulado L'artisan chaosmique, de 2004/2005, defende que não há nenhuma receita universal para abordar a escrita : « É um processo infinitamente concreto. Dia após dia, sento-me na minha secretária e escrevo, é isto. É igualmente um jogo de paciência : eu não me recordo de alguma vez ter conservado mais de uma página escrita no mesmo dia. Dez a vinte linhas «salvas » por dia é um ritmo de cruzeiro. Eu escrevo, leio, sonho, reflicto, tomo notas, fumo, atendo o telefone, envelheço. »
E mais à frente, no mesmo texto, confessa a cumplicidade que sente ao ler peças de outros autores contemporâneos, encontrando uma estranha cumplicidade com os seus colegas de pena : « Leio muito peças contemporâneas estrangeiras. Tenho muitas vezes a impressão de que os seus autores escrevem no quarto ao lado do meu. Nós amámos as mesmas raparigas, bebemos o mesmo vinho mau nas mesmas cantinas, chorámos de vergonha perante as mesmas imagens… Nós temos a mesma fraqueza (o mundo não nos  convém tal como é), e a mesma força (para dar o melhor de nós mesmos). De que precisamos mais ? – lápis e papel.»
A par das suas iniciativas individuais, Enzo Cormann também se empenhou em iniciativas conjuntas, tais como a Coopérative d’Écriture, que reúne vários nomes de escritores com quem tem afinidades artísticas. Através do manifesto da Cooperativa ficamos a conhecer outros dos propósitos do autor: “Nós temos o gosto do confronto, o gosto da tentativa, nós desejamos quebrar o maior número de vezes possível o isolamento inerente à escrita (…)”.
Haverá forma mais eficaz de quebrar o isolamento da escrita do que partilhá-la com encenadores, actores e, através da visão criativa destes, partilhá-la com o público? Isto é confronto, é tentativa de comunicação, é comunhão. É linguagem teatral.

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